Na última aula aberta que fiz em março, com a participação de Magerson Bilibio e Jailma Souza, estávamos abordando a inteligência artificial e utilização disso no design conversacional. Mas quando vi estávamos falando sobre a web semântica.
A Web Semântica é uma extensão da web atual que permite que as informações tenham um significado e possam ser entendidas tanto por humanos quanto por máquinas. Isso significa que os computadores podem “entender” o conteúdo de uma página na web, permitindo que eles processem e utilizem essas informações de maneira mais eficiente.
Por exemplo, em vez de apenas exibir uma lista de resultados de pesquisa, a Web Semântica poderia entender o conteúdo desses resultados e fornecer respostas mais precisas e relevantes para as perguntas dos usuários. Além disso, a Web Semântica pode tornar possível a construção de agentes inteligentes que ajudem as pessoas a encontrar informações específicas ou tomem decisões baseadas em dados disponíveis na Web.
A razão pela qual sonhamos com a Web Semântica há muito tempo é porque ela tem o potencial de tornar a web mais acessível, organizada e útil para todos os usuários. A Web Semântica pode ajudar a combinar informações de diferentes fontes de maneira mais fácil, permitindo que as empresas e organizações compartilhem seus dados de forma mais eficaz. Também pode abrir caminho para novas oportunidades de negócios e inovação. Logo, a Web Semântica pode tornar a web um lugar melhor e mais eficiente para trabalhar e se divertir.
Mas lembro que na aula acabamos falando de Web Semântica por causa da sua compreensão sobre aquilo que está sendo escrito e como isso se assemelhava ao que as ferramentas de Inteligência Artificial Generativas estão realizando. Logo, preciso enxergar isso em relação à estruturação de um produto digital por meio da definição de metadados e da modelagem de conteúdo.
Metadados e da modelagem de conteúdo
A modelagem de metadados e a modelagem de conteúdos são duas atividades que contribuem significativamente para a criação de uma boa arquitetura da informação em um produto digital.
A modelagem de metadados envolve a definição das propriedades e atributos dos dados que serão armazenados no sistema. Isso inclui informações sobre a estrutura dos dados, como eles são organizados, relacionados e classificados. Com a modelagem de metadados bem definida, é possível garantir que os dados sejam consistentes e precisos, facilitando a sua utilização em diferentes contextos.
Já a modelagem de conteúdos envolve a definição do tipo de informação que será disponibilizada no sistema, como textos, imagens, vídeos, entre outros. Ela também inclui a organização desses conteúdos em categorias e a definição das relações entre eles. Com a modelagem de conteúdos, é possível garantir que o usuário encontre a informação que procura de forma rápida e eficiente.
Ambas as atividades são importantes para a criação de uma arquitetura da informação coesa e consistente, permitindo que os usuários naveguem e utilizem o produto de maneira intuitiva e fácil.
O planejamento de metadados e a modelagem de conteúdo estão intimamente relacionados com a Web Semântica (nosso tema perpendicular na aula aberta, mas que rendeu este post), a utilização de metadados é um dos seus princípios fundamentais. A Web Semântica tem o objetivo de tornar os dados presentes na internet mais acessíveis e compreensíveis para humanos e por máquinas. Em geral, é importante escolher um modelo de metadados que seja consistente, preciso e relevante para a modelagem de conteúdo. Além disso, é importante escolher um modelo que seja compatível com os sistemas e ferramentas que você usa para gerenciar e compartilhar seu conteúdo.
No contexto da Web Semântica, a utilização de metadados é fundamental para descrever e representar informações de forma estruturada, possibilitando a sua integração e interoperabilidade, quando os diferentes sistemas podem compartilhar e reutilizar informações de maneira mais eficiente e precisa. Assim, o planejamento de metadados para a modelagem de conteúdo pode ser visto como uma etapa crucial na construção de aplicações e sistemas compatíveis com a Web Semântica, uma vez que permite a criação de descrições estruturadas e precisas das informações, tornando possível a sua integração e disseminação na web de forma mais eficiente.
O processo de planejamento de metadados para a modelagem de conteúdo também pode contribuir para a criação de ontologias, que são modelos conceituais utilizados para descrever o conhecimento em um determinado domínio de conhecimento temático humano (até escrevi um livro sobre isso). As ontologias são uma parte estruturante da Web Semântica, pois permitem que as informações sejam organizadas semanticamente e conectadas em rede, facilitando a interoperabilidade entre diferentes sistemas e aplicativos.
Construção de produtos digitais compatíveis com a Web Semântica
A construção de produtos digitais compatíveis com a Web Semântica requer atenção especial à arquitetura da informação e à modelagem de metadados. A organização e estruturação das informações de forma clara e acessível para os usuários (abordagem de UX Writing) são fundamentais para garantir a eficiência e eficácia dos sistemas baseados na Web Semântica. O planejamento de metadados é essencial para possibilitar a integração e disseminação das informações na web de maneira mais eficiente.
A utilização de tecnologias da Web Semântica para modelar conteúdo e metadados de forma significativa é outra prática importante na construção de produtos digitais compatíveis com essa tecnologia. Isso permite que as informações sejam compreendidas tanto por seres humanos quanto por computadores, aumentando sua usabilidade e capacidade de integração com outros sistemas e aplicativos. Por isso, a arquitetura da informação desempenha um papel crucial na garantia da clareza, coesão e acessibilidade das informações, permitindo uma melhor interação dos usuários com os sistemas e aplicativos baseados na Web Semântica.
A língua da máquina:
Para a modelagem de conteúdo na Web Semântica, é comum utilizar a linguagem RDF (Resource Description Framework). O RDF permite que informações estruturadas sejam expressas em formato de grafo, onde os recursos são representados como nós e suas relações são representadas como arestas. Isso torna possível descrever as propriedades de um recurso e as relações entre diferentes recursos de forma precisa e estruturada.
A utilização de ontologias e padrões, como o Dublin Core, na modelagem de metadados é um elemento fundamental para garantir a interoperabilidade entre sistemas computacionais e a consistência dos dados. Isso porque as ontologias permitem que os conceitos sejam descritos de maneira padronizada e formal, o que facilita a compreensão e interpretação pelos sistemas. Além disso, o uso de padrões comuns permite que os usuários possam compartilhar informações de forma mais eficiente e eficaz. A arquitetura da informação tem uma relação estreita com a modelagem de metadados, pois é por meio dela que as informações são organizadas de maneira clara e coerente, tornando-as mais acessíveis aos usuários.
Na prática, a Web Semântica pode ser aplicada em diferentes áreas, tais como a construção de sistemas de recomendação personalizados, integração de dados provenientes de diversas fontes e a descoberta automática de serviços na Web (mapping). Os princípios da Web Semântica também podem ser utilizados para lidar com problemas comuns na modelagem de dados, como a heterogeneidade entre diferentes fontes, a falta de padronização e a dificuldade em representar o conhecimento humano de forma estruturada. Dessa forma, eles ajudam a interpretar e utilizar as informações de maneira mais precisa, aumentando as possibilidades de utilização desses dados e informações. Portanto, a arquitetura da informação e a modelagem de metadados são essenciais para a eficiência e eficácia dos sistemas baseados na Web Semântica.