Desde que venho estudado UX Writing e seu impacto na área de UX me deparo com algumas situações que se referem ao posicionamento desta atividade. O UX Writing jamais pode ser desmerecido, pois a sua aplicação é um diferencial na construção de produtos digitais eficientes e altamente comunicacionais.
O lado mais ordinário (e que já vi acontecer muito com a Arquitetura da Informação – AI) é achar que UX Writing cuida de preencher os LOREM IPSUN e os espaços marcados pelo designer de interface nos wireframes disponíveis. É uma espécie de comoditização da missão e da atividade, o que ocorreu muito com a AI no começo da década de 2010.
O outro lado é o que já consagra a área de UX Writing como uma nova função no processo de criação de produtos digitais: UX Writing determina a presença digital de empresas e instituições, sendo responsável por estipular a relação com os usuários.
O UX Writing vai atuar desde o princípio de um projeto, acompanhando os times de design e pesquisa, seguindo o tom e voz previamente definidos e criando diálogos entre a interface (que é a empresa/instituição em si) e o usuário final, cliente ou potencial cliente. Isso, no mundo onde o mobile é a principal forma de navegar, mostra a importância desta missão.
UX Writing: uma nova profissão com uma antiga missão?
A linguagem conversacional sempre viveu na oralidade, mas agora com o advento das interfaces gráficas, principalmente para uso mobile, se torna uma série de sugestões de ações, metáforas e comandos organizados em fluxos. Mas nada diferente do que já se sabia: a interface em si, segundo grandes especialistas como Steven Johnson, é um espaço semântico, carregado de conceitos, que são ofertados por meio de links escritos.
Porém, por mais gráfica que seja uma interface, que utilize os melhores ícones e consiga ser o mais intuitiva possível – utilizando-se das affordances – sempre haverá espaço para textos, frases ou palavras. A interface digital, utilizando os recursos de navegação gráfica disponíveis, não vive sem o texto.
Framework de UX Writing
A maioria das ferramentas do framework de UX Writing são ferramentas que já existem. Quando o writer está junto da equipe de pesquisa, levantando o comportamento (modelo mental) e o vocabulário e linguajar do usuário, por exemplo, irá usar personas, pesquisas de focus group e brainstorm. Ele pode acompanhar e, inclusive, aplicar estas ferramentas.
Quando está validando protótipos pode, também, anotar sensações e emoções geradas pelo produto em testes de usabilidade, por exemplo. Estas ferramentas sempre serão direcionados para os conceitos que giram no entorno da realidade do usuário e do produto ofertado.
Assim, as ferramentas de um UX Writer acompanham os processos de design, priorizando a identificação do modelo mental do usuário. Cabe destacar duas ferramentas que são adicionadas pelo writer neste framework típico de UX que é a taxonomia e a linguagem conversacional.
A taxonomia espelha o universo semântico – o domínio de conhecimento – dos usuários. Várias fontes são utilizadas para isso e os melhores métodos estão definidos pela área da ciência da informação. Existem até normas internacionais para isso. A NISO Z39.19 é imperdível neste sentido.
Mas com certeza o maior impacto é a linguagem conversacional. Este conceito que surge na linguística e tem seu auge de estudos na década de 1970 renasce com a UX Writing. Nas telas com microinterações e com a realidade mobile-digital, se destaca quem conversar melhor com seu usuário.
O ressurgimento da linguagem conversacional estabelece o desafio para os próximos anos aos profissionais da escrita de UX: criar diálogos fluídos nas interfaces, utilizando a linguagem natural do usuário e oportunizando a melhor experiência ao usuário.