Deixando a Inteligência Artificial mais inteligente com a taxonomia

Consultor em UX Writing e Diretor da Feed Consultoria

A Inteligência Artificial (IA) é, em essência, uma máquina semântica como diria Steven Johnson e Ted Nelson. Seu funcionamento depende da capacidade de interpretar o conhecimento humano a partir da estrutura sintática e, sobretudo, do sentido das palavras. Essa tradução entre linguagem humana e linguagem de máquina não acontece de forma espontânea. É preciso fornecer mapas de conhecimento claros, consistentes e estruturados — e é exatamente nesse ponto que a taxonomia assume papel central.

Mais do que uma lista hierárquica de termos, a taxonomia é um esqueleto semântico. Ela organiza conceitos, conecta termos e mapeia relações, criando uma infraestrutura de sentido que dá sustentação ao raciocínio das máquinas. Uma taxonomia bem projetada não apenas melhora a organização de conteúdos e a experiência de navegação, como também potencializa a eficácia da IA em múltiplas frentes: desde a mineração de dados até a busca inteligente, passando pela compreensão contextual de tokens durante o processamento de linguagem natural.

O papel estratégico da taxonomia na IA

A IA e a taxonomia funcionam muito bem juntas. No campo de Data Mining, a taxonomia atua como bússola para coleta e agrupamento de dados, reduzindo ruídos e tornando mais evidente a detecção de padrões ocultos. Já na tokenização, etapa fundamental do Processamento de Linguagem Natural (PLN), ela funciona como referência para reconhecer equivalências, resolver ambiguidades e atribuir contexto a cada termo fragmentado pelo algoritmo. Por fim, na camada de UX e busca inteligente, a taxonomia faz a ponte entre a linguagem natural do usuário e a terminologia técnica do sistema, garantindo interações mais precisas e intuitivas.

Esses três papéis convergem para um mesmo objetivo: transformar a IA de um mero processador de texto em um agente capaz de compreender o sentido real das solicitações humanas.

Um caso real: de “reserva de carro” a “solicitação de automóvel”

Em um projeto para um chatbot corporativo, a equipe enfrentou um desafio clássico de descompasso semântico. Uma funcionária digitou no chat a expressão “reserva de carro”, mas, no catálogo interno de serviços, o termo oficial era “solicitação de automóvel”. O algoritmo, sem um arcabouço semântico robusto, não fez a conexão entre as duas expressões — falhando em devolver o resultado esperado.

A solução começou com a construção de uma taxonomia de serviços, estruturando do mais amplo ao mais específico (por exemplo: Transporte Corporativo → Automóvel → Solicitação), e criando relações associativas para termos equivalentes como “Reserva”, “Veículo” e “Frota”.

A seguir, veio a criação de um anel de sinônimos, fruto da análise de logs de busca. Nesse processo, foram identificadas variações linguísticas, termos coloquiais e até erros de digitação, todos mapeados para convergir ao mesmo conceito. Essa rede semântica foi integrada ao motor de linguagem da IA, garantindo que “reserva de carro” fosse interpretado automaticamente como “solicitação de automóvel”.

O resultado foi imediato: buscas mais assertivas, menos tempo gasto para localizar serviços e uma sensação, relatada pelos usuários, de que “o sistema finalmente fala a nossa língua”.

O que fica de lição

A inteligência de uma IA não reside apenas no algoritmo, mas na qualidade e riqueza da estrutura semântica que a alimenta. Taxonomia, anel de sinônimos e análise contínua de logs criam um ciclo virtuoso: a cada interação, o sistema aprende mais sobre a linguagem real dos usuários e se torna mais eficiente.

No fundo, estamos falando de algo que bibliotecários, arquivistas e profissionais da ciência da informação já sabem há décadas: organizar o conhecimento não é tarefa neutra nem trivial. É um trabalho de curadoria, tradução e mediação — que, quando bem feito, transforma máquinas em interlocutores mais próximos da compreensão humana.

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