Acessibilidade digital também é responsabilidade do UX Writing

O UX Writing desempenha um papel fundamental na acessibilidade de produtos digitais. Textos bem estruturados e objetivos tornam a experiência mais acessível e intuitiva para todas as pessoas.

Consultor em UX Writing e Diretor da Feed Consultoria

Ao criar um produto digital, queremos que ele seja acessível a todas as pessoas, independentemente de classe social, nível educacional, região onde mora ou quaisquer limitações que a pessoa possa ter, seja visual, auditiva ou motora, entre outras. Muitas vezes, ao pensar na acessibilidade de ambientes digitais, consideramos que essa preocupação recai apenas sobre a interface e a tecnologia. Mas uma escrita clara e objetiva, bem como a boa formatação do conteúdo – pontos importantes no trabalho de UX Writing, são fundamentais para garantir que todas as pessoas usuárias possam interagir eficazmente com os produtos digitais.

É importante salientar que acessibilidade não se restringe apenas para pessoas com deficiência visual. Mesmo entre elas existe uma diversidade grande. Pessoas cegas, pessoas com baixa visão, pessoas que precisam de óculos de leitura. Mas também estamos falando com pessoas com deficiências auditivas, motoras, de aprendizado, etc.

Como o UX Writing pode tornar um conteúdo digital mais acessível

Um bom ponto de partida é o uso da escrita conversacional, ou seja, o texto escrito no tom da linguagem falada, sem formalismo e com o uso de palavras simples, que possam ser entendidas facilmente por todas as pessoas. A escrita conversacional permite que o texto seja entendido em valores humanos, funcionando mais como um diálogo que torna a experiência muito mais amigável e isso também é acessibilidade.

Um texto com linguagem simples e direta deve estar de acordo com o universo semântico das pessoas que irão consumi-lo. Isso significa que devemos conhecer as personas do ambiente digital para escolher palavras eficientes que facilitem a compreensão da mensagem. Também é essencial evitar o uso de jargões, termos técnicos complicados e evitar gírias, regionalismos e siglas, sempre que possível. Se o uso for indispensável, é preciso ter o cuidado de explicar estes termos de forma clara e objetiva. Além disso, manter a consistência nos termos e instruções facilita a compreensão e navegação das pessoas usuárias.

Cuidados simples para que o conteúdo tenha acessibilidade:

Hierarquia das informações
Pessoas com dificuldades cognitivas ou de aprendizado se beneficiam de textos estruturados de forma hierárquica, bem formatados, com títulos claros e parágrafos curtos. Evitar sentenças longas e complexas reduz a carga cognitiva e facilita a compreensão. Além disso, a utilização de recursos como resumos, intertítulos, citações, listas de tópicos e links tornam o texto mais fácil de ser “escaneado” e mais atraente visualmente.

CTA (Call to Action)
Os CTAs, seja em formato de botão, banner ou o tradicional link azul sublinhado, devem ser claros a respeito da ação que irá ocorrer a partir do clique. O texto não pode deixar dúvidas e passar a informação completa para que a pessoa usuária possa tomar a decisão do clique com tranquilidade. Por isso, devemos destacar o que as pessoas ganham (Valor), ao invés de dizer o óbvio (clique aqui). Lembre-se de que a navegação via teclado permite que pessoas com deficiência motora naveguem apenas pelos títulos, links ou botões. Se o texto de um CTA for apenas “Clique aqui” ou “Faça o download” estas pessoas não terão acesso a informação completa. Neste caso, um CTA mais eficiente e com acessibilidade seria “Faça seu cadastro” e “Baixe seu e-book”.

Textos em imagens
Ao escrever para pessoas com deficiências visuais, é importante fornecer descrições alternativas para imagens, o chamado “Alt text”. A descrição precisa ser objetiva e comunicar apenas o que a imagem mostra, sem juízo de valor com adjetivos tais como “bonito”, “feio”, “interessante”, etc. Se for relevante para a imagem, também podem ser descritas cores e texturas. Muitas pessoas com deficiência visual podem ter adquirido esta condição mais tarde na vida e, portanto, ainda conseguir entender referências a cores. Caso a imagem não tenha “Alt text”, os leitores de tela usados por pessoas com deficiência visual lerão apenas “Imagem” ou o nome do arquivo.

Textos em banners devem aparecer em formato texto e não em imagem para facilitar a leitura pelos leitores de tela.

Legendas e transcrições
Para pessoas com deficiência auditiva, é importante fornecer transcrições e legendas para conteúdos de áudio e vídeo, garantindo que informações essenciais estejam acessíveis a todas. Instruções baseadas exclusivamente em sons devem ser complementadas com alternativas textuais. Lembre que muitas vezes, mesmo pessoas que não têm deficiência auditiva, preferem assistir vídeos sem som por estarem num ambiente público ou barulhentos e, neste caso, as legendas também são muito necessárias.

Cuidado com os formulários
Os formulários estão presentes no dia a dia digital. Seja um formulário de cadastro ou de login em alguma plataforma, eles precisam também ser planejados de acordo com as regras de acessibilidade. No que compete ao UX Writing, é preciso cuidar para que as instruções nos campos sejam claras e objetivas. Um campo de e-mail, por exemplo, deve ter como rótulo “e-mail”, “Seu e-mail” ou “Seu melhor e-mail”. as instruções devem sempre aparecer antes do campo de preenchimento, para que os leitores de tela informem as pessoas com deficiência visual previamente, evitando possíveis erros.

Preste atenção à interface
No UX Writing não trabalhamos sozinhos. Por isso é importante que tenhamos atenção também com a interface e o design da plataforma onde os nossos textos serão apresentados. É importante prestar atenção no contraste das cores para permitir uma boa leitura do conteúdo, bem como o tamanho das fontes e a responsividade da plataforma para que ela ofereça uma boa experiência em diferentes tamanhos de tela e dispositivos.

A acessibilidade digital é um compromisso que deve envolver todas as áreas do desenvolvimento de um produto digital, incluindo o UX Writing. Ao adotar uma escrita clara, direta e inclusiva, garantimos que mais pessoas possam acessar e interagir com conteúdos digitais de forma eficaz. Pequenos ajustes na linguagem, estrutura e apresentação do texto fazem uma grande diferença na experiência da pessoa usuária, promovendo um ambiente digital mais acessível e democrático para todas as pessoas.

 

Para saber mais sobre acessibilidade digital, baixe as cartilha produzidas pela W3C Brasil

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